As tecnologias andam em altas, eu que o diga. Sempre em contacto, sempre a querer saber as últimas notícias. Sempre presente nas redes sociais, atenta aos emails que chegam, mas se há coisa que a tecnologia ainda não conseguiu convencer-me é mesmo ler o meu livro. Ler, um dos melhores prazeres da vida. Não é ler uma coisa qualquer não. É comprar ou receber um livro novo, seja ele de que tema for e poder folhear aquelas páginas, sentido o cheiro do papel, não importa se é só nosso ou se já foi de alguém, aquele papel amontoado e preso nas nossas mãos tem um cheiro mágico que só entende e sente quem tem o prazer de passar as mãos por ele. “Há tanta coisa em que podias gastar mais dinheiro! Só ocupam espaço e acumulam pó!”, são frases que costumo ouvir para quem não tem o mesmo gosto em ver uma prateleira preenchida com todas aquelas diferentes lombadas, tipos de letra e cores. Que mundo de sonho seria este se não houvesse bibliotecas como aquelas que vemos nos filmes ou que pautam na nossa memória como as da Disney, nomeadamente do filme “A Bela e o Monstro”. O meu sonho é aquele, um pouco mais moderado, é óbvio, mas há lá algo mais belo que tudo aquilo?
O livro, essa peça que de mim faz parte, vá eu para todo o lado. Para não falar do verão, não há dia de praia em que não leia nem que seja uma página! Que bom que é sentar-me e deixar a minha mente perder-se naquele infinito de descrições que me fazem imaginar os mais diferentes locais, pessoas e momentos. Quem é que não gosta de ter a sua mente a vaguear para uma outra realidade que não a sua? “Ver à espanhola”, é a isto que resumo o meu sentimento por livros. Porque, de facto, com tanta tecnologia eu podia dispensar o peso de um livro na mala, o virar de página, as folhas que passam demasiado depressa com uma rajada de vento, ou mesmo o preço que implica a impressão de um papel. Mas, eu não sou assim, eu preciso de sentir para depois ver, ou será o oposto? Preciso de ambos e são esses dois factores, em conjunto, que me fazem uma pessoa mais feliz, quando recebo de surpresa, um conjunto de três dos livros que mais queria ler. Quem consegue imaginar a seguinte imagem sem um livro nas mãos? Chuva lá fora, lareira acesa, mantas, boa música ambiente, um copo de vinho tinto e nas mãos…um tablet? Não! Não faz sentido nenhum, um livro. Esta imagem só é completa com um livro nas mãos. Os dias de inverno, os dias chuvosos puxam à leitura daquelas páginas que me confundem e me deixam perdida no meu mundo.