Quem é Alberto Carneiro?
Alberto Carneiro é um artista do Coronado, onde vive e trabalha. É um homem antigo, não por ter 77 anos, pela profundidade da relação que vai estabelecendo entre natureza, cultura, pensamento e acção: trabalha temas cujos modelos se encontram enraizados em ancestrais soluções de representação, quer do Ocidente quer do Oriente. O modo como escolhe e usa os materiais – e também como define e articula as formas – faz dele um homem antigo com um artista por dentro.
Em um momento, entre tantos, retoma uma das figuras mais recorrentes e simbólicas da sua obra: a mandala, onde todos os elementos são dispostos simetricamente em raios e circunferências concêntricas, discursando sobre as realidades básicas do mundo, que se inscrevem nas pedras graníticas em palavras e aforismos como arte, vida, água, ar, fogo e terra ou se erguem colunas encimadas por galhos ou ramos. Os pontos cardiais, norte, sul, leste e oeste, compõem o discurso da centralidade – transmitindo uma energia universal.
Ele e a arte
“Eu e a arte não sabemos ao certo quem somos mas temos a certeza de sermos um do outro e isto é tudo de que precisamos para a vida.” Diz, linguagem de amor, Alberto Carneiro já que toda a produção artística do escultor se confunde com a sua própria vida e com as reminiscências do meio onde nasceu e cresceu e se descobriu como artista e criador.
Para Alberto Carneiro, cada exposição é um manifesto cuja ideia central é a demonstração de que a arte é o artista e também o espectador. Estou a lembrar-me daquela ideia tornada matéria a partir de raízes e troncos de laranjeiras, oliveiras, bambus e vides, sempre acompanhadas de vidros ou espelhos com textos que, para além de realçarem a importância da palavra na obra de Alberto Carneiro, envolvem o espectador através do seu reflexo: o “teu ser imaginante”. As obras são assumidas como “momentos”, reiterando o facto do percurso do espectador ocorrer não só no espaço como também no tempo.
Alberto Carneiro espalhado – e espalhando-se em Portugal
São várias as cidades portuguesas que exibem as obras públicas do homem-escultor. Em 1991, Santo Tirso recebeu “Água sobre a terra, granito e água” e “O barco, a lua e a montanha”. (Alberto Carneiro foi o grande impulsionador da criação do Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso (MIEC), do qual é director artístico nacional. Criado oficialmente a 20 de Outubro de 1996, o Museu tem por base o espólio recebido dos simpósios internacionais de escultura contemporânea ao ar livre, realizados em Santo Tirso desde 1991).
Para as “Jornadas de Arte Contemporânea do Porto”, de 1992, realizou a instalação “Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como um conceito para ser metáfora”; para a inauguração do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no ano de 1993, projectou a instalação “Nas margens de um rio”, usando árvores de água e transparências de vidro; e, para a sede da Associação dos Arquitectos do Porto, produziu a escultura em granito “Sobre a água”. Fez também esculturas para o Metropolitano de Lisboa (“Sobre as Árvores”, esculturas em bronze, datadas de 1995-1996), para a Expo 98″ (“Sobre o mar”, escultura em granito e madeira datada de 1997-1998), para a Biblioteca Almeida Garrett, no Porto (“A árvore da vida”, escultura de madeira instalada em 2001), para Chaves, um bronze, para os Jardins de Casa de Serralves (“Ser Árvore e Arte”, inaugurada em 2002) Em 2002 iniciou a instalação do Parque Internacional de Escultura Contemporânea na vila de Carrazeda de Ansiães, para onde esculpiu uma obra que pontifica no jardim da Biblioteca local.
e no mundo?
Além fronteira, também se encontram esculturas da autoria de Alberto Carneiro: “The Stone Garden”, no Derwenthaugh Park, em Gateshead, Inglaterra; uma escultura com árvores, pedras, terra e relva no parque Metropolitano de Quito, Equador; uma escultura no parque Sculpture in Woodland em Devil”s Glen, Ashford, Wicklow, Irlanda; uma escultura na Aldeia Folclórica Coreana, Coreia do Sul; o espaço/escultura “A casa da terra e do fogo” no caminho das esculturas do vale de Ordino, Andorra; uma escultura na cidade de Taoyuan, na Ilha Formosa; a escultura “As árvores florescem em Huesca”, Espanha; e uma escultura em Santiago do Chile.