Uma definição tende a ser minimalista e redutora mas dentro daquilo que pode ser expressado por palavras, podemos dizer que a arte surge de uma necessidade emergente e urgente. Vem do fundo de uma alma humana que a materializa. Uma obra de arte surge quando o mundo avança, quando o homem acrescenta algo de novo à sua consciência e quando essa consciência individual consegue chegar à consciência colectiva. Isto sugere um paralelismo evidente entre a História da Arte e a História da Humanidade pois elas são uma só, embora falem diferentes linguagens.
A expressão artística e a obra de arte
É interessante analisar a diferença entre expressão artística e obra de arte. Só uma obra de arte prevalece na História, esta ultrapassa os limites da expressão artística, ela marca a sua presença pois faz a Humanidade crescer em consciência.
A expressão artística é o caminho que permite chegar à obra de arte. Acima de tudo, é uma recriação do mundo interno do artista, que pode ou não ser reconhecida. Não sendo reconhecida, não consegue criar uma mudança a nível sociológico ou histórico. A obra de arte pressupõe um alargamento deste conceito, pois a obra de arte além de conter a expressão artística, o novo, a realização do sentir, inclui ainda, a relação directa do observador face à obra e ao criador. A contemplação é um elemento essencial à definição de obra de arte, pois apenas a expressão artística reconhecida pelo outro pode ascender à função de obra de arte.
As obras de arte são ousadas, provocam no observador um emaranhado de emoções e este pode transcender o seu ego, elevar-se a um novo grau de consciência que o colectivo está a criar, grau esse que o artista manifesta em plenitude na sua obra de arte.
A expressão artística não necessita de uma funcionalidade, para além da criação do novo e da manifestação da inquietação interna. A arte tem um sentido transcendental, sendo, talvez, esta a única e verdadeira função da arte.
A História da Arte documenta as diversas tendências que caracterizaram cada época, mostra como o papel do artista se modifica nos diversos contextos, pois ela documenta obras de arte em imergência constante.
Platão questiona a visão unilateral da arte e pensa-a na sua essência, procura sentir a arte em toda a sua plenitude. Para ele, a representação por si só é nula, em termos artísticos, não é mais que a imitação do real.
O realismo defende que essa imitação tem que ser perfeita e que, de facto, o pode ser. Ideia esta, que a arte moderna altera com a sua noção mais abrangente de arte, em que esta pode ser muito mais do que a representação do real.
A Filosofia, também, questiona a arte, procura nela o que está para além de uma expressão artística. Entende a obra de arte como um meio, para alcançar o conceito de belo. Assim, surge o Esteticismo que assume a arte como livre, embora na procura do valor estético.
Na reflexão da obra finalizada nasce em cada um o julgamento estético e, deste julgamento social, surge a Crítica da Arte. Este é um fenómeno que ajuda a entender cada obra em cada contexto e, por outro lado, ajuda a entender o contexto de cada obra, pois ela é um fruto da sociedade onde se manifestou.
A arte não cabe numa definição pois está em constante mudança. É efémera e temporal e, simultaneamente, eterna e intemporal. Ernest Gombrich afirma que “nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas.” Arte é um fenómeno cultural. Regras absolutas sobre ela não sobrevivem ao tempo e cada um pode escolher como compreender este fenómeno de natureza humana.