A joalharia contemporânea é, antes de mais, uma questão conceptual, ou seja, o fazer jóias com base em um design inovador e único. Porém, este é um fabrico manufacturado que se processa através da utilização de metais nobres mas, também, materiais alternativos.
Resina de poliéster cristal, acrílicos, madeira, borrachas e outros materiais conferem, na joalharia contemporânea, um conceito inovador e moderno de fazer o adorno – o acessório.
A joalharia contemporânea rompe com o mainstream
A noção de individualidade e artesanato – aliada à exigência de sustentabilidade da modernidade – rompe com a formatação de joalharia em joalharia contemporânea, mainstream, daquilo que, até pelo menos aos anos sessenta, era uma joalharia contemporânea, metais nobres, joalharia, materiais alternativos.
A joalharia contemporânea usa o corpo humano como uma área geral de trabalho e incorpora métodos e materiais que são inerentes à arte de uma forma geral.
A ideia de que só os metais nobres e preciosos constituem matéria prima para a produção de jóias está completamente ultrapassada. Tudo é motivo para servir de base a uma jóia; tudo é motivo, mesmo com materiais alternativos, para ter funcionalidade estética – senão usabilidade.
Design, arte e manufactura
A Joalharia contemporânea é, de facto, a união do design com a arte e com a manufactura – embora constitua um mercado pequeno e a aguardar expansão.
Neste mercado, o produtor de joalharia contemporânea tem sempre dois caminhos por onde escolher:
- a joalharia de autor, com nome e estilo próprio, identidade bem específica;
- a joalharia experimental, mais inovadora, onde são explorados constantemente novos conceitos e novas técnicas e materiais, mais excêntrica.
No meio de tudo isto está a polémica: como podem os joalheiros que trabalham materiais alternativos ter aceitação no mercado se actualmente só podem exercer a profissão se usarem materiais incluídos no Regulamento das Contrastarias, que data de 1979? São estes materiais o ouro, a prata e a platina.
Isto significa que todas as peças produzidas em materiais alternativos só podem ser vendidos em estabelecimentos que não sejam ourivesarias ou lojas de museus!
Trocadinho por miúdos, a joalharia contemporânea não é reconhecida como arte em Portugal e ter a pretensão de fazê-lo é incorrer em ilegalidade.
A questão agudiza-se imenso com a introdução da fiscalização a locais de venda de peças de joalharia contemporânea. Isso mesmo, é suposto a ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica – andar a fiscalizar e a confiscar jóias contemporâneas.
O problema assume gravidade porque, depois, como é que os artistas fazem para reaver as suas jóias se para isso teriam de as ter contrastadas e se para estarem contrastadas têm necessariamente de ter como matéria prima metais nobres?
Pois, vale a pena pensar nisto…
Apesar de a joalharia contemporânea ser ainda subjectiva no mundo da arte, importante mesmo é dar-lhe notoriedade e estímulo para que continue a brilhar entre metais nobres e aproveitamento de plásticos, resinas, borrachas ou o que mais se quiser…