Permanente leveza e insistente sentido crítico e intelectual
Assim é Xana. Xana é o nome do artista que, usando objectos de produção maciça – trabalhados em materiais baratos que se impõem pelo excesso de cor -, manuseia temas e formas usados pelas estratégias da sociedade de consumo e da linguagem popular para exaltar os valores lúdicos da produção industrial – ou, também acontece, para questionar a sua banalização.
A arte de Xana
Inesperados objectos tornam-se em material passível de ser esculpido: caixas de armazenamento industrial passam a substituir tijolos e com eles as mãos do artista constroem uma casa pré-fabricada, por exemplo – uma escultura que tanto pode ser uma maqueta como um modelo utópico de uma solução para habitações baratas. Ou então, quando inserida num jardim público, passa a ser um projecto de divertimento, leve e solto, sem que as preocupações sociais tenham de ser objectivadas e explicadas.
Na segunda metade da década de oitenta, Xana desenvolveu uma actividade artística objectualista, onde situa o desenho e a cor na tridimensionalidade – objectos coloridos que se apresentam como gigantescos brinquedos, sem qualquer função utilitária. São objectos estáticos, arquitectados como meras junções de volumes elementares. As superfícies, planas ou curvas, assumem variadamente a picturalidade, em escalas de grandeza diversa. As cores vivas aparecem em formas semi regulares e a espiral é uma linha frequente, com um poder de organização dinâmica, extensão infinita, virtual centro hipnotizante. E Xana apropriava-se, assim, dos efeitos de transparência que nos anos oitenta surgiram com força óptica tanto nas texturas da bad painting figurativa como da pattern painting abstracta: o movimento do corpo do observador a facilitar o encontro instintivo dos jogos cromáticos que, em planos destacados ou em superfícies contínuas, qualificam o espaço real.
Xana trabalha, frequentemente, a partir de objectos de plástico disponíveis no mercado: alguidares, pratos, taças, são escolhidos a olho e a dedo pelas suas cores garridas e colocados, distribuídos, de acordo com uma estratégia de serialização e acumulação a que o humor e a ironia não são alheios – impondo-se pelo impacte visual. Mas estes objectos são também pinturas, as pinturas que são esculturas, as pinturas que são esculturas e leves, porém profundas – sátiras. É assim a obra de Xana, definindo-se pela cor e pelo carácter lúdico e despreocupado que artista e homem carregam.
Um pouco mais sobre Xana
O nome de nascença de Xana é Alexandre Nuno Serrão Fialho Alves Barata, vive em Lagos, e nasceu em Lisboa. Formou-se pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1984. No ano anterior formou, com um grupo de alunos dessa instituição (Manuel João Vieira, Pedro Proença, Pedro Portugal, a que se juntou Fernando Brito, em 1986), o grupo Homeostética (entre 1983 e 1986).
Mas, em 1984, Xana abalou para o Algarve fixando-se em Lagos – onde ficou até hoje.